Meus rabiscos Noturnos

Imaginar a vida sem amor é namoro sem avanços, rede sem doce balanço, fazer sexo sem vontade e viver pela metade!



domingo, 20 de junho de 2010

HISTÓRIA DO INDIO POETIZADA POR ADEMÁRIO RIBEIRO

UNS ÍNDIOS*

Uns índios pera aí,
Outros pequeninos nordestinos,
Outros tantos com destinos-norte na Calha da Morte
Pelas beiras, beradêros, caatingas,
Ribeiras, brenhas, babaçuais,
Manhas, manhãs e margens...

Uns grandes como os xinguanos,
Outros xingando e de bordunas no ar!
Outros tantos como Eliane Potigura e Graça Graúna,
Mais outros como Daniel Munduruku e Marcos Terena...

Uns como Babau Tupinambá e Juvenal Payayá,
Outros como Raoni e Sapain,
Tantos outros como Tuira Kayapó e Maninha Xukuru
Todos e todas índios e índias
Diante das lentes, códigos
Lupas, gráficos e DNAs manobrando,
Girando, prospectando e decidindo
O que somos - o que querem
Que sejamos...

Uns e outros tantos índios e índias
vão descendo – subindo - margeando
Rios, pontes, viadutos, estrelas
Ciências, velocidades, aquisições cognoscentes
Violências, tecnologias, redes
Estupros, inundações, vilanias
Transposições, viadutos, teses...

Todos e todas transmutando os Peris e Iracemas
Em todas as dimensões:
Sólido, gás, líquido, átomos, palavras,
Alma, cor, gesto, cheiro
Sombra, luz...
(e serem e são: magníficos!)

Da ação, sim, da permanência, sim,
Do não estar oculto, sim,
Mas nas trincheiras, nas arapukas,
Nos rituais... eles e elas
Proscritos "Wirás", obstinados "Wirás"
Pelas beiras, beradêros, bugreiros,
Caribocas, caboclos,
Manhas, manhãs e margens...
Eles estão e estarão por aí
E por aqui!
Abá am iõ te!
“Índio vai continuar de pé!”

(Ademario Ribeiro)

Um comentário:

ESQUEMA DE AULA disse...

A poesia de Ademário Ribeiro é um rasgo interno de sentimento oculto, um todo de alma, coisa de quem tem experiência do que faz, do que vive, do que fala.
Que sejamos o que desejamso aos outros!
Juvenal Payayá